terça-feira, 14 de agosto de 2012

O luto, o velório a vida – Perolas de Pe. Fábio de Melo

 

Cigarra

Toda vez que falamos em sofrimento, de insegurança de medo, falamos de limites. E nessa hora também podemos perceber o cuidado de Deus na nossa vida.

No sofrimento perdemos a graça, perdemos a mobilidade, mas, nossos olhos encontra alguém que nos segura.

Jesus recebe a noticia de que Lazaro estava morto. Lazaro o melhor amigo de Jesus. Betânia representava para Jesus o lugar de descanso, está com os amigos de Betânia era para ele o lugar onde renovava as forças.

Jesus viveu para fora, ele não se economizou. Nesse contato intenso tinha uma vida interior preservada.

Não devemos construir cercas.

Se um dia estiver no velório de alguém, esteja para chorar junto com ela. Não devemos ter respostinhas prontas.

É preciso estar com pessoas que veem além das aparências. Jesus foi ao tumulo de Lazaro que já estava morto há quatro dias. Jesus não se prende as regras. Jesus diz Lazaro vem para fora, o sepulcro não é seu lugar.

Falemos de mortes não biológicas. O grande problema da morte é o sepulcro. Se fixar os olhos na lapide é provável que o desespero tome de conta. A Pedra é imóvel, a Pedra é definitiva, se olhar para lapide, viverá a desesperança, Jesus não quer isso.

Experimentamos a experiência de estar dentro do sepulcro, no silencio, no vazio, sem esperança, sem luz, mas, atenção, pode ser a pessoa mais amada do mundo, três dias depois, você já não encontra a pessoa amada, mas, um triste processo de putrefação, entrou em processo de decomposição, por isso o sepulcro é um lugar de sofrimento, de abandono, não há nada. Porem, se eu olho para o sepulcro como um lugar de transição ai sim ele fica revestido de esperança.

Quantas vezes você já morreu?

A Cigarra

Renato Teixeira

Tantas vezes me mataram
Tantas vezes eu morri
Mas agora estou aqui
Ressuscitando

Agradeço ao meu destino
E a essa mão com um punhal
Porque me matou tão mal
E eu segui cantando

Cantando ao sol
Como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual a um sobrevivente
Regressando da guerra

Tantas vezes me afastaram
Tantas reapareci
E por tudo que vivi
vivi chorando

Mas depois de tanto pranto
Eu aos poucos percebi
Que o meu sonho não tem dono
E segui cantando

Cantando ao sol
Como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual a um sobrevivente
Regressando da guerra

Tantas vezes te mataram
Tantas ressuscitarás
Tantas noites passarás
Desesperando

Mas na hora do naufrágio
Na hora da escuridão
Alguém te resgatará
Para ir cantando

Cantando ao sol
Como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual a um sobrevivente
Regressando da guerra

Sem medo de errar tenho certeza, que todos se identificam com essa musica, no sofrimento desenhamos a alma, esculpimos o caráter, não temos o direito de ver o sofrimento passar por nós e ficar do mesmo jeito, precisamos sair melhor, o sofrimento é o tempo exato de preparo.

Como saber o tempo de sair desse estágio?

Quando o teu sofrimento se torna infértil, sofrer é purificar, a lagrima é um processo de cura, essa lagrima precisa lavar dentro, não só por fora, em desespero, eu manifesto a dor que tenho, mas, tenho que buscar recursos para sair dessa dor, não posso ficar me lamentando, lamentando, temos o direito de chorar, mas, se não saímos desse estagio com um tempo ficamos aborrecido, se eu estou em processo de perda, não quero consolo eu quero chorar, o velório não pode se estender além do tempo.

O carente sofredor gosta de estender o velório, faz um tricô, não esquece. Velório não é apenas situação de morte, a vida consiste para organizarmos o luto, o que fazemos com o ruim da vida? Não importa importa o que a vida fez com você, importa o que você faz com o ruim da vida que nos acontece.

Saia desse luto, saia do sepulcro.

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